A Justiça do Rio de Janeiro determinou, nesta quinta-feira (15), o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A decisão ocorre após questionamentos sobre a validade do acordo que viabilizou sua eleição em 2022, especialmente quanto à assinatura do então presidente Coronel Nunes, que teria firmado o documento em condições de saúde duvidosas.
O pedido partiu do atual vice-presidente da entidade, Fernando Sarney, que também apontou a contratação de Carlo Ancelotti como uma manobra para consolidar Ednaldo no poder, representando, segundo ele, um risco financeiro à instituição.
Quem é Ednaldo Rodrigues?
Natural de Vitória da Conquista, Bahia, Ednaldo Rodrigues tem 70 anos e uma longa trajetória no futebol. Formado em Ciências Contábeis, ele começou no esporte como jogador amador e, depois, dirigiu a Federação Bahiana de Futebol (FBF) de 2001 a 2018. Em 2018, chegou à vice-presidência da CBF, assumindo interinamente a presidência em 2021, após o afastamento de Rogério Caboclo.
Em março de 2022, foi eleito presidente da CBF, tornando-se o primeiro negro e nordestino a ocupar o cargo. Em março de 2025, foi reeleito por aclamação para o mandato de 2026 a 2030, com apoio unânime das federações e clubes das Séries A e B.
Acusações e queda
Apesar do prestígio institucional, sua gestão foi marcada por denúncias. Em abril de 2025, uma reportagem da revista Piauí, assinada pelo jornalista Allan de Abreu, expôs casos de nepotismo, assédio moral e uso pessoal de recursos da entidade. A matéria, intitulada “As extravagâncias sem fim da CBF”, reacendeu o debate sobre os limites do poder na entidade máxima do futebol nacional.
O conteúdo da reportagem e seus bastidores foram tema de um episódio especial do podcast Deu Zebra Cast, apresentado por Alfinete e Alan Dorazio, que entrevistaram Allan de Abreu em uma conversa reveladora. O episódio repercutiu amplamente entre jornalistas esportivos e torcedores, ajudando a colocar pressão sobre a cúpula da CBF.
Legado
Entre decisões marcantes de sua gestão, está o reconhecimento oficial do Torneio dos Campeões de 1937 — vencido pelo Atlético Mineiro — como a primeira edição do Campeonato Brasileiro. A medida agradou parte da comunidade futebolística, mas também foi vista como política.
A decisão judicial desta quinta-feira não é definitiva, e Ednaldo Rodrigues já declarou que irá recorrer. Enquanto isso, os bastidores da CBF seguem turbulentos — e a novela na cúpula do futebol brasileiro promete novos capítulos.